O que é?
É definida pela Sociedade Internacional de Continência (International Continence Society) como a “condição na qual ocorre perda involuntária de urina, sendo um problema social ou de higiene e é possível de ser demonstrado ou observado”. No Brasil, cerca de 25% da população apresenta algum grau de incontinência urinária, condição duas vezes mais frequente nas mulheres, especialmente após os 60 anos. Acredita-se que este número seja subestimado em decorrência de medo, vergonha ou desinformação das pessoas em relação à presença de perda urinária. Com isto, muitos indivíduos acabam “se acostumando” com essa situação, porém com prejuízo em suas qualidades de vida.
Causas e fatores agravantes
- Fraqueza dos músculos que sustentam a bexiga (assoalho pélvico)
- Fraqueza da bexiga por si própria
- Fraqueza do esfíncter uretral
- Hiperatividade da bexiga
- Deficiência hormonal feminina
- Doenças neurológicas
- Obesidade
- Gravidez e parto vaginal
- Obstipação intestinal (prisão de ventre)
- Sequelas de cirurgias pélvicas e neurológicas
- Traumatismos da coluna
Tipos
- Incontinência urinária de esforço: situação em que a pessoa perde urina no momento em que realiza um esforço abdominal como, por exemplo, na tosse, espirro, risada ou para levantar um peso. Uma fraqueza no suporte muscular do assoalho pélvico ou do esfíncter uretral propicia esta ocorrência.
- Incontinência urinária por urgência: acontece quando a bexiga se contrai involuntariamente, acompanhada de desejo imperioso de urinar que não se pode postergar (urgência miccional) com consequente escape de urina.
- Incontinência urinária mista: quando ocorrem perdas urinárias tanto com esforço quanto por urgência, podendo haver ou não predomínio de um dos dois componentes.
- Incontinência urinária por transbordamento: a urina transborda se a bexiga não é esvaziada após longo período, que pode ser decorrente da perda da sensação de enchimento da bexiga ou por déficit de contração desta para se esvaziar, ou porque sua capacidade está diminuída, neste caso podendo ser decorrente de diversas situações anatômicas ou neurológicas.
- Enurese noturna: define-se como a perda urinária durante o sono, após o período de maturação do controle miccional, que ocorre em torno dos cinco anos de idade. Pode ser primária, quando a criança em momento algum adquiriu a continência noturna, ou secundária, podendo acontecer em qualquer momento da vida, geralmente decorrente de alguma condição patológica ou psicológica.
Como Diagnosticar
É preponderante a avaliação de um urologista especializado, principalmente diante da necessidade de se diferenciar o tipo de incontinência, a fim de adotar-se o tratamento adequado para cada situação.
De modo geral, o diagnóstico da incontinência urinária e de seu tipo é predominantemente clínico, através da história clínica e do exame físico, de preferência com a reprodução da perda urinária. A realização do diário miccional, onde o paciente informa cada horário de suas micções e seus volumes e se houve urgência ou perda urinária, é uma maneira de tornar a queixa clínica mais objetiva, quando pertinente. Dependendo destes achados, exames de urina, ultrassonografia com medição de resíduo pós miccional, cistoscopia e estudo urodinâmico, são parte do arsenal diagnóstico para melhor elucidação do quadro.
Tratamento
O tratamento dependerá do tipo específico e sua causa, porém é sempre aconselhável que haja uma extensa orientação sobre o funcionamento do sistema urinária e a promoção de mudanças comportamentais, as quais contemplam, entre outras, adequações de ingesta hídrica e de alimentos irritativos para a bexiga, ajustes de medicamentos, hábitos de urinar, bem como treinamento da bexiga (reeducação vesical) e exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico e do esfíncter uretral.
Medicamentos específicos podem ser utilizados para diminuir a atividade da urina e técnicas como eletroestimulação e neuromodulação podem ser indicadas em situações específicas.
O tratamento cirúrgico deve ser individualizado e sua indicação avaliada pelo urologista, a fim de restaurar a anatomia das regiões pélvica e perineal.
Qualquer tratamento para a correção da incontinência urinária visa a melhora na qualidade de vida, o que é possível na maioria dos casos. Com os devidos cuidados, bons resultados são frequentemente alcançados em longo prazo.