Normalmente 80% a 90% dos casais conseguem engravidar dentro do período de 1 ano. Assim, um casal é considerado infértil quando está há mais de um ano tentando engravidar sem sucesso.
Cerca de 30% a 50% das causas de infertilidade são decorrentes de fatores masculinos, como baixa contagem ou motilidade de espermatozoides, fatores que impedem a saída dos espermatozoides ou causas hormonais. Infelizmente, existem poucos sintomas que podem levantar a suspeita de uma pessoa com baixa fertilidade, de modo que na maior parte dos casos o diagnóstico é realizado apenas após um longo período de tentativas de gravidez com o urologista ou ginecologista.
O sucesso do tratamento de um casal infértil devido a algum fator masculino envolve uma avaliação clínica completa de todos os fatores que podem modificar o delicado equilíbrio da espematogênese (produção dos espermatozoides).
A história reprodutiva é particularmente relevante no quadro inicial do casal. Detalhes como uso de contraceptivos, gravidez prévia e tempo de infertilidade são informações importantes. O tempo e a frequência das relações sexuais e a regularidade do ciclo menstrual da mulher podem propiciar impacto na taxa de gravidez e podem demandar ajustes simples que proporcionam por si só um melhor resultado.
Algumas doenças sistêmicas podem causar impacto negativo na fertilidade masculina, de modo que é preciso avaliar a presença de diabetes, esclerose múltipla, lesões da coluna e algumas condições aparentemente benignas como criptorquidia (testículo não descido) corrigida, doenças endocrinológicas tratadas, histórico de caxumba e de varicocele.
Varicoceles são veias dilatadas que, devido a própria anatomia masculina, ocorrem mais à esquerda. Esses vasos provocam, entre outras alterações, elevação da temperatura testicular causando déficit de motilidade e da quantidade de espermatozóides. Dentre os indivíduos com varicocele, 70% não apresentarão qualquer problema de fertilidade, mas 30% desses indivíduos necessitarão de correção dessa condição.
Após a história clínica e o exame físico para identificação de varicocele e outras condições testiculares e do cordão espermático, para um homem infértil é imprescindível a realização de um espermograma. Seu resultado depende muito das condições de coleta e análise e também pode se alterar diante de situações corriqueiras, como após o uso certos medicamentos simples, o que demanda a necessidade de repeti-lo uma ou duas vezes no caso de alterações relevantes. Contudo, é necessário cuidado em sua interpretação, pois até 50% dos homens inférteis podem não apresentar causas reconhecidas em uma análise básica de esperma.
Outro estudo importante é a análise hormonal. Alterações endócrinas são incomuns em homens com fertilidade limítrofe, mas muitas delas podem ser causas reversíveis de fertilidade.
Vale lembrar que o uso mesmo esporádico de maconha, cocaína e androgênicos (testosterona) pode ocasionar dano permanente da fertilidade em até 20% dos homens. O uso da Finasterida para queda de cabelos também pode causar diminuição da motilidade e quantidade de espermatozóides, mas de forma reversível se interrompido.
Até essa fase, procuramos condições que possam ser revertidas para maximização da fertilidade masculina. Quando isso não é possível, ou não é ideal esperarmos muito tempo, sobretudo por causa da idade da mulher, devemos considerar a opção da coleta de espermatozóides para um procedimento de fertilização assistida.