A HPB ou Hiperplasia Benigna da Próstata é o aumento benigno da próstata, o qual tende a ocorrer com o avançar da idade. Aos 45 anos, cerca de 15 a 20% dos homens apresentam aumento prostático, consistindo em uma das doenças mais comuns no homem idoso.
Quais as consequências da HBP?
Quando ocorre o aumento da próstata, pode ocorrer obstrução da uretra (canal urinário) e essa pode estar associada a sintomas do trato urinário inferior (STUI). Alguns homens apresentam sintomas mesmo na ausência de crescimento prostático, ao passo que outros, mesmo com grande aumento da glândula, podem não apresentar qualquer sintoma.
Quais os sintomas relacionados à HBP?
Os STUI podem ser de armazenamento e/ou de esvaziamento da bexiga e são abaixo descritos:
– dificuldade para iniciar a micção;
– diminuição do jato urinário;
– jato de urina entrecortado (intermitente);
– gotejamento terminal;
– sensação de esvaziar a bexiga incompletamente;
– necessidade de realizar esforço abdominal para urinar;
– necessidade de urinar várias vezes ao dia ou em intervalos mais curtos;
– urgência para ir ao banheiro;
Como se faz o diagnóstico da obstrução da uretra pela HBP?
A presença dos STUI leva à suspeita de obstrução da uretra (canal urinário) pelo aumento prostático. Deve-se realizar história clínica detalhada, a fim não só de caracterizar o quadro miccional apresentado pelo paciente, assim como identificar outras doenças ou ocorrências que podem interferir no funcionamento da bexiga como, por exemplo, antecedentes cirúrgicos, câncer prostático ou de bexiga, disfunção sexual, hematúria, infecções do trato urinário, doenças neurológicas, diabetes, estenose uretral, cálculos urinários, efeitos de medicações, entre outros. Para a caracterização do quadro miccional, pode-se utilizar um escore específico (IPSS) que pontua os sintomas relatados e auxilia no diagnóstico, na análise da gravidade da obstrução e, inclusive, na avaliação da resposta ao tratamento instituído.
O exame digital da próstata (toque retal) é primordial e, além das características da próstata (volume, consistência, regularidade, limites, sensibilidade e mobilidade), deve avaliar o tônus do esfíncter anal, reflexo bulbocavernoso e parede retal.
Ultrassonografia da próstata é comumente solicitada e tem o intuito de determinar o tamanho do órgão e o resíduo pós miccional. Ultrassonografia das vias urinárias fornece informações sobre possíveis repercussões na bexiga e no trato urinário superior (rins e ureteres).
A medição do PSA (antígeno prostático específico) é também realizada a fim de afastar a suspeita de câncer da próstata concomitante.
A urofluxometria livre (análise da velocidade do fluxo de urina e da curva da micção) é um exame opcional (segundo consenso da Sociedade Brasileira de Urologia), mas pode informar de forma mais objetiva o padrão miccional do paciente. Estudo urodinâmico (método que permite analisar o funcionamento da bexiga frente à possível obstrução provocada pela próstata) é usado em situações específicas, especialmente quando há programação cirúrgica ou doenças concomitantes relevantes.
Como tratar a HBP?
O tratamento pode, inicialmente, ser feito com medicações que procuram reduzir o tamanho da próstata (inibidores da 5-alfa redutase) e relaxar a musculatura da uretra prostática (alfa-bloqueadores), aliviando a obstrução causada pela HBP.
Intervenções cirúrgicas podem ser indicadas na falha do tratamento medicamentoso ou se a obstrução causar complicações como cálculos ou divertículos na bexiga, infecções urinárias recorrentes, retenção urinária e insuficiência ou inchaço (hidronefrose) renal. Estas podem ser realizadas por via endoscópica (ressecção, incisão ou vaporização transuretral da próstata) ou por via aberta (prostatectomia simples a Millin ou transvesical), esta última especialmente nos casos com próstatas volumosas, cálculos na bexiga ou grandes divertículos vesicais. Acesso por via laparoscópica ou robótica tem, aos poucos, conquistado espaço no arsenal terapêutico.